Porque é que eu estou sempre a pensar em comida?
Quando há uma eternidade a minha mãe me disse que já era altura de ser eu própria a arranjar os meus pãezinhos com queijo e fiambre, eu lembrei-me daquelas lições de moral dos livros e dos desenhos animados que diziam que tudo sabe melhor quando fazemos por nós mesmos.
Tudo mentira! Eu gostava muito de manteiga, então acabava por exagerar na quantidade. Abrir o pão, era uma tarefa que demorava tempo e que nunca ficava perfeita. E faltava-me a paciência para tirar aquelas bordas do fiambre e os papelinhos que vêm agarrados às fatias de queijo. No final, a sandes - depois de tanto trabalho - nunca ficava tão saborosa como aquelas que a minha mãe preparava.
A minha mãe resignou-se e continuou a arranjar-me os pãezinhos, à medida em que eu ia progredindo lentamente na técnica.
E agora seria a altura em que eu diria que depois de tanto empenho não há sandes neste mundo que me saibam melhor do que as minhas. Mentira outra vez, porque o meu irmão é praticamente profissional nesta "arte" e é muito fácil de subornar. Descobri o meu novo método.